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  • Marcelo Araújo

Patrimônio Natural virando cinzas


A tragédia no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Norte Goiano, comoveu o país. Um incêndio iniciado há 15 dias já destruiu quase 30% da região, matando animais e a vegetação. Felizmente, não houve registro da morte de seres humanos, porém pode levar décadas para se reparar parte dos estragos, sendo que alguns danos ao meio ambiente talvez sejam irreversíveis.

foto: divulgação ICMBIO

foto: divulgação ICMBio

A catástrofe motivou uma grande campanha pelas redes sociais, mobilizando, inclusive celebridades, como os atores globais Mateus Solano e Cauã Reymond, e a top model Gisele Bündchen. Pela web, famosos e anônimos empreendem esforços para arrecadar recursos e voluntários para não só combater as chamas, como reconstruir o que virou cinzas.

Conversei esses dias com uma pessoa que trabalha na prefeitura de Cavalcante, um dos municípios da Chapada. Ela me contou que o clima geral é de tristeza, por conta da devastação causada pelo fogo.

Patrimônio Natural da Humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o Parque Nacional constitui a principal fonte de turismo para as cidades desta área.

O que surpreende nessa situação é a dificuldade do poder público em esboçar uma reação mais contundente não só em relação ao incêndio na Chapada como em tantas outras tragédias relacionadas a fenômenos naturais. Sabe-se que há séculos secas e enchentes atormentam a vida de moradores tanto dos centros urbanos quanto das zonas rurais, provocando, inclusive, a perda de vidas humanas. Bilhões são enviados todos os anos para “atender” a essas localidades, entretanto os recursos se perdem no ralo da corrupção em verdadeiras indústrias de exploração da miséria, operada por parasitas da pior espécie.

Países como Estados Unidos e Japão – só para ficarmos em dois exemplos – convivem com fenômenos naturais até mais agressivos que os nossos, como terremotos e tsunamis, fora mega incêndios como os que atingem a Califórnia. Há alguns anos, viajei a Israel, uma potência mundial, que tem boa parte de seu território situado em um deserto.

Com irrigação e outros recursos, esse povo consegue plantar e criar animais em pequenas propriedades em áreas onde originalmente só existia areia e pedras, sem contar com o aproveitamento do turismo em regiões como o Mar Morto.

Com vontade e criatividade se faz muito. Com a corrupção nada se consegue. Que um dia a gente vire essa página e dê mais valor à belíssima natureza que temos nesta imensa nação chamada Brasil. Ajudemos, de alguma maneira, a Chapada dos Veadeiros.

Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e. Autor do blog www.tijoloblog.wordpress.com. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.


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