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  • Rubens Bonfim

O tomate que quer devorar Hollywood


Apesar de filmes como Logan, Mulher-Maravilha, Homem-Aranha, Kong e outros grandes blockbusters terem estreado este ano, 2017 tem se mostrado um ano meio pavoroso para Hollywood. Em especial o verão, a época de maior venda de ingressos no ano, foi um período tão ruim que a bilheteria ficou próxima do mesmo período em 1995. Já comparando com 2016, a queda foi de cerca de 45% para o período, que vai de maio a setembro. Com apenas US$ 3,8 bi em ingressos, este foi o primeiro ano desde 2006 que a bilheteria americana não passa de US$ 4 bi, segundo o site comScore.

Foto: divulgação Rotten Tomatoes

E de quem é culpa? Dos remakes infindáveis? Das franquias que lançam um filme a cada dois anos basicamente repetindo a fórmula do anterior? De filmes que basicamente são mostruários de merchandising? Para Hollywood o problema não é nada disso. O grande problema seria a internet. Mas não os sites de pirataria ou mesmo a Netflix. Seria um único site chamado Rotten Tomatoes. Criado como um simples agregador de críticas de filmes, a nota no Rotten Tomatoes passou a significar em muitas situações a vida ou a morte de um filme. E vida ou morte neste caso implica em ganho ou perda de bilhões de dólares. E a principal reclamação contra o site é a ferramenta chamada de Tomatometer® (sim, com ® mesmo), que separa os filmes em três categorias: Certified Fresh (Fresco Certificado) para filmes com nota superior e constante acima de 75% e com mais de 80 críticas apuradas nos casos de grandes lançamentos e pelo menos 5 avaliações da elite dos críticos; Fresh (Fresco), com pelo menos 60% de críticas favoráveis; e Rotten (Podre), com qualquer nota de 59% para baixo.

A grande reclamação da indústria é sobre como se chega a esse indicador. O site não calcula médias das notas, ele calcula a porcentagem das críticas que foram positivas. E isso pode gerar uma grande diferença. Por exemplo, vamos imaginar que três críticos deram para o filme X, a mesma nota 4,9 de 10. Apesar de a matemática nos dizer que a média seria 4,9 a metodologia do Rotten Tomatoes coloca as três notas como negativas, ou melhor, abaixo da média. Ou seja, seria um filme 0% no Tomatometer®. Por outro lado, um filme Y, com três notas 5,1, teria uma nota muito próxima ao do filme X, apenas 0,2 de diferença. Só que na conta do Rotten Tomatoes Y seria um filme 100%, um legítimo Certified Fresh. É claro que este é um exemplo extremo e os defensores do site dizem que a grande quantidade e abrangência de críticas fazem com que distorções sejam eliminadas. Mas os estúdios não vêem assim. Alguns dos maiores filmes recentes em termos de bilheteria costumam ter (com certa razão) notas muito baixas para a crítica, como por exemplo os filmes da franquia Transformers.

Só que o Rotten Tomatoes caiu no gosto popular exatamente por ser de fácil leitura. Mas muitos dos seus usuários não entendem bem a lógica da avaliação. E obviamente uma nota 100% do filme Y vai convencer a audiência a ir atrás do filme. Enquanto isso a nota 0% de X vai afastar o público, mesmo sendo filmes de qualidade semelhante. E este ano alguns filmes que fracassaram nas bilheterias, como Baywatch e Piratas do Caribe 5 tiveram notas bem baixas no RT (18% e 30%, respectivamente). Os estúdios dizem que estes não são filmes para agradar críticos enquanto o Rotten Tomatoes informa que não escreve críticas, só faz as contas. Para algumas figuras importantes do cinema, como o diretor Brett Ratner, "a pior coisa que temos na cultura cinematográfica de hoje é o Rotten Tomatoes. Acho que é a destruição do nosso negócio", disse o cineasta para a Entertainment Weekly. E durma com um barulho desses.

Rubens Bonfim é jornalista, trabalha com TI e escreve sobre vida digital no blog Vivendo no Século 21 (vivendoseculo21.wordpress.com). É colaborador da Se7e Cultura e escreve a coluna Diversão Digital sempre dedicado à insana tarefa de acompanhar tudo que sai sobre entretenimento digital


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