- Marcelo Araújo
Charles Mingus descendo a ladeira do Pelô
Na próxima semana, o Conjunto Cultural da Caixa, em Brasília, recebe um evento que promete sacudir a galera: o Festival de Orquestras Populares. Serão três dias de shows com atrações locais e nacionais. Entre os mais conhecidos, Banda Mantiqueira, de São Paulo, e a Orkestra Rumpilezz, de Salvador.

Tão logo comece a venda dos ingressos, vou correr para garantir um lugar no dia da apresentação da Rumpilezz, na sexta-feira, 8 de setembro, porque sou fã desses caras desde a primeira vez que os vi, faz alguns anos, em um concerto de Ano Novo. Essa big band de sopros e percussão tem no comando o saxofonista e maestro Letieres Leite.
Músico e arranjador da banda da cantora Ivete Sangalo, musa do axé, em sua empreitada instrumental, Letieres criou uma sonoridade absolutamente original, fundindo harmonias refinadas e improvisos virtuosísticos do jazz com o suingue da percussão baiana. É o contrabaixista de jazz Charles Mingus descendo a ladeira do Pelô na batida do Olodum.
A Rumpilezz faz mais do que fundir gêneros musicais. Há toda uma espiritualidade e energia que parecem narrar histórias instrumentais ao público por meio do enorme naipe de metais e de sua sessão de tambores. Ao centro desse turbilhão rítmico, paira a figura do gigante percussionista Gabi Guedes. Sob as bênçãos dos orixás, esse mestre do batuque atua como força motriz da embarcação do comandante Letieres, responsável pelos intrincados arranjos.
Tive o privilégio de conhecer e conversar certa vez com Letieres Leite e com o mestre Gabi Guedes. Este encontro está registrado no meu Instagram.
São figuras de simpatia e alto gabarito musical. Semana que vem, estarei lá, para vê-los mais uma vez ecoando notas ancestrais na trilha da modernidade. Até lá!
Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e. Autor do blog www.tijoloblog.wordpress.com. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.