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  • Marcelo Araújo

Festival valoriza riqueza gastronômica internacional


Recentemente, tive o privilégio de conversar com uma figura maravilhosa, absolutamente encantadora, chamada Maria Conceição Oliveira. Baiana radicada em São Paulo, ela atua como pesquisadora da culinária afro-brasileira e já participou de ações sociais importantes, como dar visibilidade a chefs imigrantes que fugiram para o Brasil em busca de uma vida melhor. Conceição participa da oitava edição do Slow Food - Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local, que acontece na cidade goiana de Pirenópolis, no Cine Pireneus, de 14 a 17 de setembro.

Foto: divulgação Maria Conceição

Conceição marca presença no grande evento cine-gastronômico na oficina Comida de Imigrantes e Refugiados, no dia 15 de setembro, às 10h, na cozinha do Curso de Gastronomia da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O encontro ainda contará com a presença dos sírios Yasmin e Ammar Abou Nabout, da Síria, donos do restaurante Damascus, em Brasília, e da africana Fatou Aboua, da Costa do Marfim, residente na cidade de São Paulo.

Há algum tempo, Maria Conceição Oliveira participou em Sampa do projeto Comida de (I) migrante, no qual entrevistou refugiados de várias partes do mundo que vieram à metrópole para fugir de guerras, desastres naturais e instabilidades políticas. “Aprendi muito sobre a riqueza da culinária de diversos países, como a dos palestinos, que produzem uma comida que reflete a resistência deles”, conta a pesquisadora.

Herdeira de uma família de fortes laços com a gastronomia, Maria Conceição só se interessou pelo ramo aos 53 anos. Ela trabalhava na prefeitura de São Paulo recolhendo depoimentos de diversas categorias profissionais sobre seus estilos de trabalho e vida. Então, percebeu que não possuía um registro de receitas familiares. Entrevistou mãe, avó e outras pessoas, compilando um guia que permanece inédito. “Estou com a vida muito corrida, mas, quando tiver tempo, quero publicar”, informa.

Após esta atividade, Maria Conceição decidiu se aprofundar na área e fez um curso superior de Gastronomia. Agora cursa pós-graduação em Gestão e Produção de Alimentos. Define como meta dar ao patrimônio do paladar afro o merecido reconhecimento na cozinha nacional. Assim como em toda sociedade, Conceição vê racismo no setor gastronômico. “A comida virou questão elitista e não se enxerga a contribuição do negro”, lamenta.

Quem quiser conhecer Maria Conceição e aprender um pouco sobre nossa diversidade alimentar deve ir ao Slow Food. Parabéns às organizadoras, Gioconda Caputo e Carmem Moretzsohn, que tocam este festival há anos. Em 2017, conseguiram a façanha de realizá-lo sem patrocínio, apenas com uma vaquinha e alguns apoiadores. Que em 2018, o trabalho seja menos penoso.

Informações sobre o evento pelos telefones (61) 3443-8891 e (61) 3242-9805 ou pelos e-mails objetosim@gmail.com e slowfilmefestival@gmail.com.

Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e. Autor do blog www.tijoloblog.wordpress.com. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.


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