- Rubens Bonfim
Um guia básico para entender o vídeo “on demand”
Talvez você não saiba, mas o Brasil é o oitavo maior mercado do mundo em vídeo sob demanda. Em inglês video on demand, ou VOD, é um amplo conceito que envolve nomes que talvez você conheça bem. Nesse balaio estão a Netflix, o iTunes, o Google Play Filmes, Amazon Prime, HBO GO, Telecine On e Play, SmartVOD e centenas de outros serviços. E cada um deles tem suas características próprias de conteúdo, modelo de negócio e abrangência. Mas basicamente é qualquer vídeo que você assiste usando a Internet como canal, incluindo filmes, séries, notícias e outros programas de TV disponibilizados para computador, aparelhos móveis, smart TV, vídeo-games e outros aparelhos conectados.

A primeira grande diferença entre todos eles é como você contrata. Em alguns casos como a Netflix e Amazon Prime, há uma mensalidade que dá acesso a todo o conteúdo da plataforma. Em outras como iTunes, Google Play Filmes e SmartVOD, você paga por atração, alugando por um período ou comprando o direito de ver aquele conteúdo na hora que quiser, sem limite de vezes ou de tempo. Em outros casos, o usuário tem o acesso vinculado a outro serviço ou pacote como a de internet ou de TV a cabo. É o caso dos serviços de VOD dos canais de TV, como o Globosat Play. Em algumas situações, há uma oferta combinada, em que o usuário tem acesso aos filmes dos canais Telecine por ser assinante dos canais e pode alugar os filmes por meio do Telecine On. Também há aqueles serviços gratuitos, mas com anúncios. E há plataformas que são verdadeiros tudo em um, como Youtube, onde é possível ver filmes comparados ou alugados pela plataforma Google Play Filmes, conteúdo via assinatura por meio do Youtube TV que oferece programas da ABC, CBS, FOX e NBC (mas só nos EUA por enquanto), além do conteúdo gratuito, que qualquer um pode hospedar, inclusive aquele do seu youtuber preferido.
A segunda é sobre o conteúdo. Alguns serviços como o Netflix, Amazon Prime Vídeo e Crackle oferecem filmes, séries de TV e documentários, alguns itens do catálogo são de produção própria e outros de programação feita por terceiros. Outras plataformas são muito voltadas a nichos específicos de público, como o de fãs de animações orientais (Crunchyroll), games (Twitch), ou esportes (Esporte Interativo, NFL Mobile), culinários (Tastemade) e infantis (Gloob Play, Nickelodeon, Discovery Kids Play). Outros serviços são destinados a dar uma opção para os espectadores de seu conteúdo próprio, como a HBO GO. No fim das contas, será difícil você não achar um conteúdo que não te agrade. Outra diferença entre serviços é a possibilidade de download. O normal dos serviços de VOD é o cliente assistir via streaming, como se assistisse a um vídeo no Youtube. Mas algumas plataformas permitem que você faça o download para assistir sem estar conectado à internet. Muito útil pra quem viaja muito, quer ter algo para ver no metrô ou simplesmente não quer estourar o pacote de dados do celular.
E aí vem a próxima questão: Onde assistir? Praticamente todos esses serviços tem aplicativos para celulares e tablets. Vários tem aplicativos para TVs conectadas, em especial os modelos da LG e Samsung, que são as líderes globais no segmento e contam com maior atenção dos distribuidores de conteúdo, mesmo assim esses aplicativos geralmente tem menos recursos e atualizações menos frequentes que seus primos instalados em celulares. Videogames também possuem muitos aplicativos de VOD, ao menos dos principais serviços. Há também os set-top boxes, aqueles aparelhinhos quase mágicos cheios de serviços, como a Apple TV. Pessoalmente, para mim a melhor opção entre todas as possibilidades do mercado é um aparelhinho da Google, o Chromecast. Com ele ligado na TV você acessa quase todos os bons serviços de VOD do mercado no próprio aplicativo no celular ou computador e joga o conteúdo para tela da sua TV, que nem precisa ser smart TV. Simples e fácil.
Outro ponto a ser observado nos serviços de VOD é o lançamento de títulos. Alguns deles como o iTunes, Google Play Filmes e SmartVOD vão ser os primeiros lugares em que aquele filme que você queria tanto ver no cinema e saiu de cartaz vai chegar. Inclusive antes de chegar nas lojas em formato físico (ah, vamos passar a falar semanalmente dos principais filmes que chegam aos serviços VOD a partir desta sexta!). Outras plataformas como o Netflix já trabalham mais com filmes não tão novinhos assim e as séries só chegam lá depois de exibidas a temporada inteira, quando não são de produção da própria Netflix. Nos serviços dos canais, como Fox, o conteúdo das séries é disponibilizado muitas vezes junto como a exibição do episódio.
Com certeza quando se fala em ver flmes e séries pela internet se pensa primeiro em Netflix. Mas como vocês puderam ver, há muito mais nesse universo do que um único nome. E isso vem mudando a maneira como as pessoas se relacionam com o hábito de ver TV. Segundo um levantamento recente, encomendado pela Globosat, entre 2012 e 2016 o uso do VOD cresceu 415% no Brasil. Apenas os conteúdos dos canais Globosat, como GloboNews, SporTV, GNT e Multishow, além de canais internacionais de filmes, como Universal, SyFy e Megapix, já contam 2,6 milhões de usuários cadastrados, com 4,5 milhões de downloads do aplicativo e mais de 60 milhões de horas assistidas. E essa é uma tendência mundial. Atualmente, cerca de 70% do tráfego de dados de toda a internet é de streaming de vídeo. A tendência é que cheguemos em 2020 usando 90% das trocas de dados no planeta para VOD. O mundo mudou e você nem viu porque estava assistindo vídeos de gatinhos do Youtube ou House of Cards na Netflix.
Rubens Bonfim é jornalista, trabalha com TI e escreve sobre vida digital no blog Vivendo no Século 21 (vivendoseculo21.wordpress.com). É colaborador da Se7e Cultura e escreverá a coluna Diversão Digital sempre dedicado à insana tarefa de acompanhar tudo que sai sobre entretenimento digital.