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  • Marcelo Araújo

Arte ao pé da letra


A vida do escritor e músico paulista James Misse foi transformada pela arte quando ainda era garoto. Do ano 2000 para cá, ele é quem tem mudado a existência de milhares de crianças Brasil afora. Autor de 24 livros dedicados ao público infantil, James encanta a molecada contando histórias, cantando e tocando.

Foto: Divulgação

O autor lembra que a grande transformação veio um dia quando seu pai chegou à casa com um violão. O menino ficou fascinado com o instrumento e acabou aprendendo a tocá-lo. Ao longo de sua carreira, a música dividiria o espaço com a literatura.

Antes, porém, de se dedicar totalmente à cultura, Misse trabalhou como corretor na bolsa de valores, tempos dos quais não parece guardar saudades. “Era muito tenso. Inclusive, tinha um cara que chegava e soprava a fumaça do charuto na minha cara e eu não podia falar nada”, conta.

Em certo momento, James decidiu deixar as cotações de lado e se dedicar mesmo a abrir sorrisos nos rostos da meninada. Fundou a editora Pé da Letra, pela qual publica suas obras, sempre em parceria com ilustradores, como Leandro Malavazzi, Marcelo Garcia e Cláudia Kfouri.

Entre os títulos lançados, estão O Pai Perdido de Amor, Mamãe, O Menino que Devorava Livros, A Música dos Bichos e Coisas pra Fazer Antes de Crescer. Cada um desses ganhou tiragens com milhares de exemplares. Além de produzir belas narrativas de fantasia, os trabalhos de Misse primam pelo conteúdo educativo, levando aos pequeninos questões como trabalho infantil, importância do hábito da leitura, o papel do ensino das artes e o respeito ao meio ambiente.

Nas apresentações em locais como escolas e hospitais, James faz seus personagens saírem do papel, em performances com narrativas, teatralizações e muita música, que alegram a gurizada. “Uma vez fui fazer uma apresentação na zona rural de Atibaia, no interior de São Paulo. Foi emocionante. Algumas crianças não tinham nem chinelo no pé, mas estavam ali, empolgadas, curtindo adoidado”, lembra o artista.

Nesses encontros, o escritor também apresenta uma criação sua bem interessante, o Passaporte da Leitura. Ao invés de carimbar as viagens ao exterior, como no documento emitido pela Polícia Federal, os leitores mirins anotam os livros que já leram e vão formando uma biblioteca na memória.

Casado, pai de três filhos, com uma rotina para lá de atribulada, James Misse participa de feiras literárias por todo o país e fora do Brasil, montando o estande da Pé da Letra. Não apenas crianças são seus fãs. Incluam também os pais nesse grupo, como se percebe nas inúmeras selfies postadas nas redes sociais.

Eu, que não sou criança e nem tenho filhos, fico muito feliz de conhecer James e seu trabalho, não só pela qualidade como pela extrema gentileza desse cara. Escrevi apenas um livro infantil, chamado A Testinha de Gabá, que fala sobre bullying nas escolas. Quem me incentivou enormemente a criar uma obra com tal perfil após três de terror foi justamente James Misse. Adoro o gênero infantil, no entanto não achava que poderia desenvolver algo nessa linha até que ele me estimulou a pensar no assunto e a pôr em prática. Artistas bacanas como James Misse são assim: mexem com as crianças e com os adultos. E viva a leitura!

Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.


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