- Marcelo Araújo
Um talento que nos deixa cedo
Não bastasse a turbulência política que o país enfrenta, nessa quinta-feira (18 de maio), acordei com a notícia de que o americano Chris Cornell, vocalista das bandas Soundgarden, Temple of the Dog e Audioslave, havia morrido. Chris estava com 52 anos.

Foto: Divulgação
Como o cantor tinha se apresentado na noite de quarta em Detroit com o Soundgarden, imaginei que a causa poderia ter sido um problema cardíaco ou algo similar. Depois, soube que, na verdade, ele se suicidou, se enforcando no banheiro do quarto de hotel onde se hospedara. Celebridades deixaram mensagens de solidariedade nas redes sociais. Brad Pitt, Val Kilmer, Elijah Wood, Elton John, Jimmy Page e Billy Idol foram alguns dos que lamentaram a perda.
Criado em 1984, o Soundgarden foi uma das bandas mais representativas do grunge de Seattle, ao lado do Nirvana, Pearl Jam, Mudhoney e Alice in Chains. O movimento estourou mundialmente no começo dos anos 90. Com cavanhaques, cabelos compridos e camisas de flanela, essa turma primava pela energia, embora cada um apresentasse características musicais distintas. Em geral, punk, heavy metal, rock de garagem e psicodelia constituíam os ingredientes básicos dessa receita sonora.
Alternando momentos de suavidade e fúria, a voz de Cornell puxava a música densa do quarteto de Seattle, que também contou em sua formação clássica com o guitarrista Kim Thayil, com o baixista Ben Shepherd e o baterista Matt Cameron.
Chris Cornell veio três vezes ao Brasil, duas em carreira solo, em 2007 e 2013, e outra com o Soundgarden, em 2014, no festival Lollapalooza. Infelizmente, não o vi ao vivo. Foi a única das célebres instituições do grunge que perdi, já que consegui assistir a shows do Nirvana, Mudhoney, Alice in Chains e Pearl Jam. Lamento. É triste que um talento ainda jovem e que poderia nos oferecer tanto tenha partido, ainda mais nessa circunstância.
Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.