- Marcelo Araújo
Em defesa dos animais
Recentemente, causou escândalo nas redes sociais o caso de um universitário de Cuiabá que, sem qualquer pudor, postou em um de seus perfis na web uma foto sua abusando sexualmente de uma cadela de rua. Talvez esse rapaz não contasse com isso, porém o fato lamentável alcançou enorme repercussão.
Graças a uma campanha movida por organizações não governamentais (ONGs) de proteção de bichos, como a PamPet, a prisão do marginal foi decretada e o criminoso acabou se entregando à polícia. Esperamos que receba punição exemplar pelo ato doentio.

Foto: Divulgação
O que mais espanta é que em seu perfil no Instagram, este jovem colocava fotos de animais domésticos que tinha, com mensagens em que dizia defendê-los. Felizmente, os cães que estavam com ele foram resgatados e, inclusive, a cadelinha de rua violentada foi encontrada. Casos de maus tratos, abusos e abandonos de animais ainda são muito comuns. Violência contra pets, como cães e gatos constituem uma das facetas dessa calamidade, mas não para por aí.
Causa profunda indignação como cavalos, burros e jumentos, usados para transporte de carga, sofrem agressões com chicotes dos condutores das carroças e têm de suportar quantidade de peso que acaba lhes causando danos ortopédicos irreversíveis. Quando não conseguem mais exercer a dura função que lhes é atribuída, são abandonados, para serem atropelados e causarem acidentes nas pistas ou morrerem agonizando ao relento.
Essa vergonha acontece na cara do Detran, da Polícia Militar e dos órgãos ambientais do Governo do Distrito Federal sem que se tome providência proteger as vítimas. Quem sabe uma campanha educativa junto aos carroceiros ajudaria, porém, preocupação com animais e meio ambiente não parece ser preocupação das autoridades, nem de Brasília e nem de nenhum outro lugar do Brasil.
Crueldade
As maldades contra esses seres indefesos são incontáveis. Pessoas que adotam cães e gatos e, depois, principalmente quando os bichinhos envelhecem, os abandonam; gente que prende passarinhos e outros animais silvestres em gaiolas como se fossem brinquedos para seu lazer; a criação brutal de espécies para o abate submetidas a tortura, confinamento e ingestão de produtos químicos para que produzam carne rapidamente; a utilização de galos em rinhas; a caça apenas pelo prazer de matar ou ameaçando espécies em extinção; a boçalidade conhecida como Vaquejada, em que os bois são torturados em uma arena para “diversão” do público; as touradas; e a própria devastação do meio ambiente, de rios, mares, terras e ares, que consomem a natureza. Tudo isso tem um preço que já estamos pagando, com a deterioração dos ecossistemas. Ao fazermos mal ao planeta e às outras criaturas, também apertamos o botão da nossa gradual destruição.
Felizmente, existem entidades como a PamPet, que resgatam animais das ruas e vítimas de maus tratos, realizando campanhas de adoção. É muito comum em grandes cidades pet shops organizarem feirinhas em que se pode levar para casa um amigão como um gato ou cachorro, pagando-se apenas uma taxa pela vacinação. Enquanto houver gente desenvolvendo esse tipo de trabalho, há esperança.
Vi certa vez uma frase que dizia que se alguém tem um cachorro não pode falar que não possui um amigo. Além de ter dois cães em casa, percebo isso de forma tocante ao ver moradores de rua, outras vítimas do descaso da nossa sociedade, que nada têm, mas adotam um cão como companheiro.
Vamos tratar os animais com o respeito que eles merecem. Ainda mais porque eles não podem se defender. Salve a bicharada!
Marcelo Araújo é jornalista, escritor e colaborador da Se7e Cultura. Publicou os livros Não Abra – Contos de Terror, Pedaço Malpassado, A Maldição de Fio Vilela, A Testinha de Gabá e Casa dos Sons.