
Cidadã brasileira em Roma traz novos relatos emocionantes da quarentena
Hoje é o décimo quinto dia de quarentena. Estamos em casa desde 4 de março, ainda que tenha sido decretada, oficialmente, cinco dias depois.
Já não fazemos planos para quando tudo passar, agora adaptamos a vida resignados à uma longa temporada. Com o número de mortos e contagiados crescendo a cada dia, evitamos o assunto, é de mau tom e é também para não desesperar.
As palavras “sábado” e “domingo” têm tanta relevância para distinguir ócio e trabalho quanto “carambola” e “geladeira”, todos os dias tem trabalho, todos os dias são de ócio.
Com duas crianças em casa, os adultos, entre os quais me incluo, passam muito tempo na cozinha, café da manhã, almoço, louça, janta, leite, água, louça, mais louça, a cozinha é o centro nervoso da logística dos dias. O fato do encanamento da pia ter arrebentado logo na primeira semana é o toque trágico do roteiro. A pia da cozinha. Que é integrada à sala.
O encanador mora em outra comune, não pode vir aqui, nem numa emergência, tentou orientar por telefone e Gui passou três dias tentando resolver o problema antes de se conformar em esvaziar a pia no balde e o balde no ralo do terraço. As casas italianas simplesmente não têm ralo. Nos dois primeiros dias pensava em pular do quinto andar, hoje, ver o Gui com o balde cheio atravessando a sala enquanto despacha com o chefe pelos fones de ouvido, faz parte da paisagem junto com o rastro de brinquedos que desisti de catar do décimo primeiro dia e desde então digo que amanhã dou um jeito nisso.
Hoje nos vimos reaproveitando papel toalha. É um dos produtos que não consegui comprar na última missão do mercado. Também não consegui comprar pão, água, leite, mozarela e, claro, papel higiênico, obsessão mundial.
As duas vezes que saí de casa foram para ir ao mercado e se mantemos a gentileza e a solidariedade também mantemos cada vez mais distância uns dos outros. Ninguém divide mais a mesma calçada, falamos quase de perfil uns com os outros, mas preferimos não falar, os gestos às palavras, o romano jamais foi tão silencioso, acho que por isso me parecem tão abatidos. Também me sinto abatida. O confinamento dá uma paúra de falta de anticorpos quando saímos à rua. De repente você não quer que todo esforço seja em vão. Não toca em nada que não seja imprescindível, mesmo de luva cirúrgica, afasta o cabelo do rosto com o ombro, vai pra casa querendo se livrar logo das luvas cheias de coronavírus. Na segunda ida ao mercado foi tudo mais triste. Não achei que fosse ter desabastecimento em Roma, não vi ninguém com pilhas de papel higiênico mas, sim, as prateleiras estavam vazias. Gastei uma fortuna comprando marcas mais caras do que costumo comprar, eram as últimas opções. Tem salmão defumado e importado mas eu trouxe as três últimas bandejas de presunto. Prosciutto cotto. Em Roma. Mesmo assim, não faço estoque, compro o suficiente pra uma semana, preciso conservar os escrúpulos para depois da guerra, recomendo a todos, teremos muito a construir, não nos percamos. Se estamos na merda, continuamos sendo (ainda mais) privilegiados. Mais do que nunca tudo a minha volta, na minha casa caótica, é privilégio.
A escola de Gael, sem perspectiva de retorno, ativou a tele-aula, sem planejamento ou testes, tudo sendo criado enquanto funciona, un casinò. Somos forçados a participar ativamente da vida escolar dele - italiano e demais humanas para mim, inglês e exatas pro Gui, coitado. Mas eu fiquei com o italiano, é justo, e também é das maiores delinquências da minha vida. Na tela do computador, a carinha dos amigos da turma escutando a maestra dar o seu melhor para ter a atenção de crianças de 8 anos, nessas circunstâncias. Não é fácil para elas, precisam cumprir o programa que celebra a primavera trancadas na quarentena. Era para estarmos voltando às ruas depois de tanto inverno, quantos drinks adiei esperando o frio passar.
Anita sente falta da escola, da rotina e dos amigos. Coloca a casa abaixo e eu só interfiro quando o foco de incêndio está perto do álcool gel. Durante boa parte do dia eu e Gael tentamos estudar e Gui tenta trabalhar. Ela fica quicando entre nós, algumas tardes, de tão entediada, dormiu, o que não fez nem quando recém nascida. Ela agora prepara seu próprio leite levando pra lá e pra cá uma escada quase do tamanho dela. Demora uns 20 minutos, já é alguma atividade, antes a gente intervinha, agora só olhamos torcendo pra não derramar muito chocolate na bancada.
Ontem nosso porquinho da Índia morreu. Ele chegou aqui apenas uma semana antes da terra parar e tornou-se a novidade dessa temporada, uma fonte de ternura e, se as crianças ficaram felizes com a quarentena, foi porque podiam passar o dia todo com o Zico. Pelo menos pudemos todos chorar. É mesmo extraordinária nossa capacidade de amar, é só o que nos redime da destruição que provocamos, do contrário o planeta faria bem em expelir nossa espécie.
O que salva são as palmas que antes tinham hora marcada mas agora acontecem em qualquer momento de desespero. Começa com alguém batendo palmas e elas ecoam por essas ruazinhas romanas desertas. Um vizinho escuta a palma e bate também, tecendo a manhã, como no poema de João Cabral de Melo Neto. As pessoas escutam, saem para suas varandas e janelas, alguém coloca uma música ou puxa uma canção. Do meu terraço vejo pouca gente mas escuto alto o barulho e a cantoria dos prédios vizinhos. Os sentidos precisam se adaptar, os olhos escutam, os ouvidos enxergam e aí temos uma imagem da vida por trás das paredes.
Tem uma senhora no prédio em frente que sempre me faz sorrir, “Coraggio, ragazzi! Andrà tutto bene! Siamo forti! Siamo il bravo popolo italiano!”, mas hoje chorei. Que também ninguém é de ferro.
Juliana Monteiro, jornalista brasileira, mora no bairro de San Giovanni, de Roma, há seis anos e compartilhou o relato acima em suas redes sociais.

"Não acreditem nos que dizem que é só uma gripe: Não é!", alerta brasileira na Itália
Minha amiga e jornalista Juliana Monteiro fez um texto belíssimo onde relata o que mudou depois da quarentena em Roma e chama atenção dos brasileiros: 'Não paguem para ver porque o preço é a vida dos mais frágeis entre nós'. Vale muito a pena ler e compartilhar. Precisamos ficar atentos e nos proteger.
"Essa é nossa segunda semana de quarentena coletiva em Roma. Primeiro foram as escolas e muita gente passou a trabalhar em casa, deixar as crianças com os avós não é uma opção. Fomos orientados a não sair e evitar lugares fechados e aglomerados.
Até que essa semana o governo “fechou” a Itália.
Agora somos autorizados a sair apenas para trabalhar (os que ainda saem para trabalhar), fazer compras ou ir para o hospital. Nada mais. A natação e a capoeira das crianças estão fechadas, o dentista desmarcou a consulta do meu filho e sábado não vai ter o jogo do campeonato de futebol dele, a companhia aérea cancelou minha passagem para Madri, também não vai ter o show da Gal, a faculdade avisou que tampouco tem data para a próxima prova. As escolas já trabalham com a possibilidade de seguirem fechadas até maio.
O país inteiro fechou.
Nós também nos fechamos nesse novo arranjo doméstico porque eu ainda tenho que estudar, Gui (companheiro da jornalista) ainda tem que trabalhar e Gael, com oito anos, tem o cronograma da escola para cumprir. A professora tem nos orientado remotamente sobre o conteúdo de cada dia e nos vemos professores dos nossos filhos, às voltas com o neolítico e os verbos auxiliares. Não sei o que seria de nós sem o Google.
Anita, aos cinco anos, se encarrega de dar o toque de fim de mundo colocando a casa abaixo enquanto eu a mando deixar Gael terminar o compiti de italiano.
Passamos o dia de pijama. Vi uma vizinha receber o correio de luvas. Moro no quinto andar. Ninguém mais pega o mesmo elevador. Sobe um vizinho de cada vez, é o protocolo.
Fui ao mercado na quarta-feira. Na rua, as poucas pessoas usavam luvas cirúrgicas e, na falta de máscara, lenço ou cachecol cobrindo o nariz. Fila na porta, todos respeitando a orientação de manter distância uns dos outros, a entrada contingenciada, mais gente fora do que dentro do mercado. Cinco de cada vez. Ninguém reclama.
Pela primeira vez em seis anos não sou a única com carrinho lá dentro. Os italianos, em geral, só compram o que podem carregar, mas agora estão fazendo dispensa e já faltam alguns produtos nas prateleiras. Um corredor para cada pessoa. Ninguém se esbarra, o alto-falante fica repetindo para respeitarmos a distância mínima. Na volta para casa, reparo o comércio fechado, os poucos cafés abertos espaçaram as mesas. Mas estão desertos. Estamos todos isolados em casa.
Depois do anúncio da OMS decretando a pandemia, outros países começaram a adotar as mesmas medidas para deter o avanço do vírus que, por menos letal que seja, contamina tanto que mata muito. Na maioria dos casos, idosos e pessoas com imunidade baixa e doenças pregressas. Mas não só elas.
A flor no asfalto é a solidariedade. Não vejo, entre as pessoas de meu convívio, pânico de ficar doente ou medo pelas nossas crianças que, ao que parece, não são páreo para o coronavírus. Mas estamos todos cuidando de quem não tem defesas suficientes para ele. Eu cuido do morador de rua que dorme no frio, embaixo da marquise do meu prédio, das senhorinhas que cumprimento no mercado, do senhor da loja de molduras. E, aqui em Roma, essas pessoas viraram a prioridade de todos. Pensamos coletivamente numa onda de cuidado com o outro, esse desconhecido, que eu nunca tinha vivido antes. As crianças aprenderam a “tossir nos cotovelos” e o fazem até em casa. Foram ensinadas que são estratégicas para conter a ameaça.
É triste, mas também é bonito, sabem?
Como escreveu um amigo italiano, não há saída que não passe pela reconstrução paciente de uma resposta coletiva aos desafios. Talvez seja didático estarmos vivendo, todos, ao mesmo tempo, essa crise. Fica evidente que o engajamento de cada um de nós, pessoa a pessoa, é a melhor, se não a única, defesa diante a pandemia. Ninguém pode dar-se ao luxo de ser negligente. Acho que ficaremos com um aprendizado importante depois que tudo isso passar.
Também pela primeira vez testamos uma nova organização do trabalho. Ao mesmo tempo pessoas do mundo todo estão trabalhando de casa, empresas e repartições com carga horária e staff reduzidos. Talvez esteja sendo estabelecido um novo paradigma. Ainda não sabemos qual será o saldo, a história nos ensina que evolução nem sempre é progresso. Mas eu, que não posso evitar a esperança, acredito que tiraremos proveito desses dias de isolamento, quando não podemos sequer nos abraçar, tocar e beijar. E, apesar disso, acredito que esse vírus também possa desencubar a humanidade em nós. Mas faremos esse balanço depois.
Por hora, lavem as mãos, ensinem as crianças, cuidem dos idosos e, se puderem, amigos, fiquem em casa. E mandem seus funcionários para casa. Não viajem. É preciso identificar e curar os que contraíram a doença antes que ela se espalhe. O vírus já está aí, no nosso Brasil, não o subestimem. Cobrem das autoridades, não acreditem em quem diz que é só uma gripe, - eu já fui essa pessoa - não é! Não paguem para ver: o preço é a vida dos mais frágeis entre nós. As teorias conspiratórias só distraem até que os médicos comecem a escolher quem, entre os necessitados, irão entubar. Até que morra a avó de um amiguinho dos nossos filhos. Até que o colega de trabalho safenado fique entre a vida e a morte numa UTI.
O momento não é de pânico, mas de cuidado e responsabilidade. E união e solidariedade. Estamos todos diante o mesmo desafio, meus caros, é preciso assumir esse compromisso.
Há um mês a China era longe; há três semanas, a Lombardia também era. Quando começou a quarentena eu também me revezava, junto com outras mães e pais, nos grupos de WhatsApp, entre o desespero de ter que encaixar as crianças, de repente, nos compromissos dos dias úteis e os memes - como nós, os italianos também reagem com bom humor às adversidades. Hoje, em Roma, já não podemos ignorar que o mundo diminuiu e que hoje somos todos vizinhos.
Desejo que meus conterrâneos não deem chance para a doença no calor de nossa terra. Cuidem-se. Uns dos outros. Fiquem firmes. Sairemos melhores dessa.”
Juliana Monteiro, jornalista brasileira, mora no bairro de San Giovanni, de Roma, há seis anos e compartilhou o relato acima em suas redes sociais.

Semana para a criançada
Dia das Crianças chegando e você se perguntando o que fazer. A Se7e Cultura pode te ajudar a encontrar um bom evento que caiba no seu bolso e atenda os anseios dos pimpolhos sem sacrifício para os pais.
Tem programação intensa em diversos lugares, mas pinço aqui alguns que podem agradar toda a família. A Caixa Cultural Brasília e o Centro Cultural Banco do Brasil terão uma programação intensa que já começaram e seguem até o dia 13 de outubro. No Parque da Cidade tem Festival de Hambúrguer no estacionamento 4 e Feira de Adoção de Pets do Projeto Acalanto e Olívia Ajuda no estacionamento 12 e outros tantos eventos no link setecultura.com/diversos.
A Companhia Néia e Nando apresenta, durante o fim de semana, a peça A Bruxinha que Era Boa, no teatro do Brasília Shopping. Outros eventos também estão disponíveis no nosso site.
Se quiser ir a algum lugar que tenha brinquedoteca ou espaço bom para as crianças recomendamos os restaurantes Nikkei, BierFass Lago, Steak Bull, Mangai, Empório da Mata, Beirute da Asa Sul e o recém-inaugurado Kioskids no Pontão do Lago Sul, ao lado do parquinho.
Qualquer que seja sua opção o importante é se divertir e curtir com alegria o momento em família.
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura
Se7e indica 5 ótimos lugares para curtir o ar puro e livre de Brasília
Céu limpo e infinito, parques enormes e árvores a perder de vista assim é Brasília, a capital do país e um dos melhores lugares para se viver, sem sombra de dúvidas. Para você aproveitar os dias lindos e secos do inverno, a Se7e Cultura preparou uma lista com cinco lugares incríveis para um piquenique, para praticar esportes, para curtir um sol sozinho ou bem acompanhado.
1- CCBB (St. de Clubes Esportivos Sul Trecho 2)
Há dez anos, os jardins do CCBB viraram lugar lúdico com o projeto Casulo, do artista Darlan Rosa, um espaço de convivência interativo com as obras do escultor. Obras para tocar, pular, rodar, escalar, viajar. Ótimo para levar as crianças e fazer um piquenique no gramado.
2- Parque da Cidade (Asa Sul)
Um dos mais extensos parques em área urbana do mundo. Com pistas de caminhada, ciclismo e patinação, quadras de esportes, churrasqueiras e parque de diversões. Orgulho dos brasilienses.
3- Jardim Botânico (SMDB, Área Especial, s/n, Lago Sul)
Para as crianças a diversão é garantida. São inúmeros brinquedos, além de um laguinho repleto de peixes que amenizam o clima seco de Brasília. Você pode levar sua cesta de piquenique, uma rede, estender uma canga no chão, levar almofadas e aproveitar o dia longe da agitação da cidade. Paga uma taxa de visitação para entrar.
4- Parque Olhos d'água (Asa Norte – entre as quadras 413 e 415)
Localizado no final da Asa Norte, tem uma pista de caminhada de 2km. Não pode entrar com bicicleta, patins, patinete e skate. Tem circuito de exercícios físicos, um parquinho para as crianças e no talude de grama, a diversão é descer em caixas de papelão.
5- Eixão do Lazer
Todos os domingos e feriados os 14 km de extensão dos Eixos Sul e Norte estão livres para a prática de esportes e para a diversão em qualquer idade. Eventos gastronômicos e culturais têm sido uma constante. Vendedores ambulantes matam a fome e a sede dos frequentadores. Em alguns pontos é possível ter aulas de skate e alugar bicicletas. O gramado é livre para piqueniques e churrascos. A diversão é garantida.
Michelle Maia e Samantha Maia são irmãs e editoras da Se7e Cultura

O mundo mágico de Beto Carrero World
Como um menino pobre de São José do Rio Preto tornou-se um publicitário famoso e empreendedor visionário capaz de criar um parque como o Beto Carrero World?
Há mais de 30 anos, João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero, começou a comprar uma série de terrenos na pequena e desconhecida cidade de Penha em Santa Catarina, localizada a 16 km de distância do aeroporto de Navegantes e próxima a cidades importantes como Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville e Itajaí. Seu objetivo era criar um parque de diversões tão mágico como os parques da Disney. Por seu projeto audacioso e megalômano, ele foi taxado de louco e passou por enormes dificuldades em seu empreendimento.
Atualmente, 26 anos depois da inauguração, com área de 14 milhões de metros quadrados, sendo 23% de área construída, o Beto Carrero World é o maior parque temático da América Latina. Em uma região linda, repleta de praias, o Beto Carrero se tornou uma referência e na contramão de outros parques e mesmo com o país em crise, viu o faturamento crescer em 2016 mais de 24% e recebe em média 2 milhões de visitantes por ano.
Acabei de voltar de lá impressionada com a qualidade e beleza do local. O Beto Carrero não deixa nada a desejar aos famosos parques da Disney. Ambos nos resgatam da dura realidade para as mais doces memórias de infância. Virei criança por dois dias ao lado do meu filho de seis anos. Em meio a uma das atrações tive a felicidade de ouvir dele a seguinte afirmação: "mamãe, isso é vida!" E é mesmo. Beto Carrero é vida! Brincar é vida! Façamos mais isso. Essa é a minha meta principal para 2018, pois diversão nunca é demais. A vida anda dura demais, mas é sempre tempo de mudar.
Mas se vale um conselho, antes dessa mágica viagem, não deixe de adquirir um carregador portátil de celular. Com tantas novidades e aventuras para serem registradas, a bateria se esgota no meio do dia e fica a sensação péssima de não registrar o que estar por vir. Outra dica é adquirir os ingressos antes pelo site ou por lojas próprias do parque. Assim você poupa dinheiro e tempo na fila. No mais é só curtir.
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura

Natal em Viena
Dezembro está chegando e o clima de também. E, apesar de ser verão no Brasil, as lojas e shoppings estão com uma decoração que nos faz lembrar o clima frio e branco do norte Europeu. Afinal, é das terras frias e gélidas da Lapônia, na Finlândia, que surgiu a figura do Papai Noel, tradição que se espalhou pelo mundo afora.
Agora imagina viver essa experiência natalina onde há muito frio e neve de verdade. Só posso dizer que é uma das experiências mais mágicas e incríveis da vida. E digo mais, essa magia não passa nunca.
Há doze anos moro em Viena, capital da Áustria, e faço questão de visitar os mercadinhos de Natal (http://www.kelypelomundo.com/mercadinhos-de-natal-em-viena/) lindos da cidade. E, por ser considerada uma das cidades especialistas das festas de fim de ano no velho mundo, se deslumbrar andando pelas ruas não é algo difícil de se fazer.
A magia esplendorosa do Natal começa já em meados de novembro, e o curioso é que quase não há nada relacionado ao Papai Noel; aqui quem traz os presentes é o Christkindl, que significa Menino Jesus. É possível observar também que alguns lugares estão, lentamente, aderindo à figura de Santa Claus, mas parece que o personagem ainda não faz muito sucesso entre os austríacos.
Outra coisa interessante é que, no inverno, o sol se põe mais cedo, por volta das 16h, e, com isso, a escuridão bate à porta bem antes, o que faz ressaltar a charmosíssima iluminação de Natal espalhada pelo centro da cidade.
Viena está tão iluminada que me sinto num cenário de princesas das estórias infantis. As ruas da cidade imperial ficaram mais pomposas e brilhantes.
E a beleza do Natal não é apenas um privilégio da capital. A Áustria, como um todo, investe muito nos preparativos de Natal, e as cidades e vilarejos parecem cinematográficos, com suas luzes temáticas e mercadinhos natalinos. Então, se quiser descobrir algo encantador, que tal colocar a Áustria como opção, na lista de desejos de viagem?
Mas, Atenção! Ao planejar sua viagem, saiba que o inverno também tem seu lado difícil por causa das baixas temperaturas. Então, se organize para não transformar o seu sonho em pesadelo. E uma dica importante: no centro de Viena venta muito, e é um vento de doer o osso. Por isso, para não se sentir desconfortável, é imprescindível se agasalhar bem, para que você possa curtir o passeio, calmamente, pelas ruas e ruelas da cidade, sem ter que sair desesperado para achar um lugar para se aquecer.
Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso para você sua família.
Kely Martins Bauer é jornalista, nova colaboradora da Se7e Cultura, mora na Áustria e dá ótimas dicas de turismo em seu site www.kelypelomundo.com

Mambaí: um novo destino turístico desponta em Goiás
Saí com minha família em busca de um destino diferente e próximo a Brasília. Estávamos fugindo de lugares já bastante conhecidos como a Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis. A ideia principal era explorar outros cantos, tomar um banho de cachoeira, limpar a alma e renovar as energias.
O destino escolhido foi o município de Mambaí a 305 quilômetros da capital federal e próximo da divisa de Goiás com a Bahia. Terra de cachoeiras exuberantes, de aventuras de rapel, tirolesa e pêndulo e, ao mesmo tempo, terra de tranquilidade e sossego.
Em Mambaí o turismo ainda está engatinhando, mas a cidade já dá sinais de crescimento. O turista encontra logo na entrada da cidade um Centro de Atendimento ao Turista com fotos e informações sobre os atrativos ao redor.
Assim como a Chapada anos atrás, não é possível fazer os passeios sem os guias locais. Não há placas de sinalização das atrações e sem os guias os turistas ficam perdidos.
Por enquanto, o único local para ir sozinho é a Cachoeira Paraíso do Cerrado. São 12 quilômetros de estrada de asfalto e mais 17 quilômetros de estrada de chão no município vizinho de Damianópolis. O lugar é incrível e a trilha é muito tranquila. São apenas 300 metros de caminhada. Logo na entrada o turista é recebido pelo Ismaylton, filho do seu Silvano, proprietário da fazenda. Gente simples e acolhedora que possui um verdadeiro paraíso no quintal. Apesar da seca de agosto que transformou as árvores em gravetos, lá embaixo, no final da curta caminhada e de uma escadaria íngreme, a cachoeira é deslumbrante e ensolarada boa parte do dia.
Na volta da caminhada o turista também pode apreciar um delicioso almoço caseiro preparado com todo cuidado e com os itens produzidos na própria fazenda. O passeio ocupa um dia inteiro. https://www.facebook.com/Para%C3%ADso-do-Cerrado-1430509777202565/
Outro destino imperdível é a Cachoeira do Alemão. Parece uma praia com chão de areia e água bem rasinha. Ideal para crianças. Pouca estrada de chão e bem próxima à Mambaí. Também conta com o sol como ponto a seu favor.
Pude conhecer um pouco o ritmo do local, conhecer as pessoas, conversar com a gente simples e carismática da cidade. Atingi o objetivo inicial de me desligar da cidade apesar de ser fácil o acesso à internet por lá.
Para se hospedar indico o Mambaí Inn, uma vila com chalés aconchegantes, cada um representando um país e ótimo café da manhã. Em breve o lugar ainda contará com uma área de camping. http://mambaiinn.webnode.com/
Para comer tem o Churrasquinho do Lôro que serve uma jantinha com feijão tropeiro, mandioca cozida, arroz e vinagrete e também o Totte lanches, uma lanchonete no coreto da praça, pertinho da igreja, com o mesmo modelo de janta no cardápio, além de tapiocas, pastéis e sorvetes. Lá também tem almoço a kilo aos domingos. Agora atenção para o horário de almoço em Mambaí. Lá, o almoço começa às 11h e vai até às 14h. Depois desse horário só se encontra lanche na cidade.
Outras atrações:
Cachoeira do Funil - a 6 Km de Mambaí com trilha relativamente tranquila. Atrás da cachoeira tem uma caverna. Lá é possível fazer rapel e pêndulo com a ajuda dos guias que levam os equipamentos de segurança.
Cachoeira do Poço Azul – é um conjunto de três piscinas naturais transparentes em algumas épocas do ano. O grau de dificuldade da trilha é considerado de médio a difícil.
Foto: Marivand Maia
Michelle Maia é jornalista e editora de Se7e Cultura

Por aí, nos cinemas da cidade
Por aí, nos cinemas da cidade, há diversas opções de filmes para crianças em férias. São diversos títulos para agradar toda a família. No caso de pais sem férias como eu, o jeito é fazer uma espécie de intensivão durante o fim de semana para deixar a criançada feliz.
Em dois finais de semana foram três filmes. O primeiro da minha lista foi Meu Malvado Favorito 3. Diversão garantida que faz jus aos primeiros dois filmes. No filme, o ex-malvado Gru descobre um irmão gêmeo divertido, rico, de cabelos loiros e sedosos, chamado Dru. Os Minions continuam divertindo a garotada e o filme tira boas risadas do espectador.
O segundo da lista foi Carros 3 onde o ídolo das pistas Relâmpago McQueen vive o drama da aposentadoria precoce com a chegada de carros mais rápidos e modernos. Ao longo de sua jornada pela recuperação da boa forma encontra a novinha e divertida treinadora Cruz Ramirez. Confesso que Carros não é meu filme favorito da Pixar, mas gostei, sobretudo, das importantes mensagens que o filme passa sobre aposentadoria, respeito, preconceito de gênero e racial.
E o meu preferido: Homem-Aranha de Volta ao Lar. O mais leve e divertido filme de super-heróis da Marvel. O filme mostra um Peter Parker (Tom Holland) com 15 anos ainda tentando lidar com seus poderes e ansioso para ser convocado para mais uma missão do Sr. (Tony) Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro. Destaque para o vilão, nem tão vilão assim, Abutre, interpretado pelo talentoso Michael Keaton.
Com uma trilha sonora de arrasar, característica de todos os filmes da Marvel, Homem-Aranha conta também com a música tema original da série de TV do Spider Man de 1977. Sinceramente, Homem-Aranha de Volta ao Lar é um filme para ver de novo.
Ah, e para esta semana restou assistir D.P.A – O Filme que estreou no último dia 14. Muito bom ver que um filme infantil nacional gera grande expectativa aos nossos pequenos.
Corram aos cinemas e aproveitem o catálogo farto de opções. Acessem aqui a programação dos filmes em cartaz.
Foto: Divulgação
Michelle Maia é jornalista e editora de Se7e Cultura

Piquenique, parque, família e diversão
Brasília é uma cidade parque. São inúmeros espaços que misturam natureza e diversão. Já falei aqui nessa mesma coluna sobre a Água Mineral e agora vou falar de um lugar que considero especial.
Outro dia fui convidada para um aniversário no Jardim Botânico de Brasília e tive uma grata surpresa. A área reservada para piqueniques sofreu ótimas reformas que valorizaram o passeio. Não sei ao certo quando ocorreram as reformas, mas quem visitou há mais de dois anos o local, vai constatar as mudanças.
Para as crianças a diversão é garantida. São inúmeros brinquedos, alguns novos, além de um laguinho repleto de peixes que amenizam o clima seco de Brasília. Poeira tem muita, mas também tem árvores, plantas, água e sossego.
Você pode levar sua cesta de piquenique, uma rede, estender uma canga no chão, levar almofadas e aproveitar o dia longe da agitação da cidade.
Não quer ter trabalho em comprar os itens da cesta? É simples! Lá tem um Café que tem bem esse conceito de piquenique. Tem mesinhas baixinhas, cobertas com toalhas quadriculadas e almofadas no chão que vende duas opções de café colonial, uma com glúten e outra sem glúten.
Enfim, o Jardim Botânico tem inúmeras opções de diversão para toda a família. Eu recomendo!
Serviço:
Taxa de visitação R$ 5,00, mas crianças menores de 12 anos e adultos com mais de 60 estão isentos.
Caminhadas de terça a domingo entre 7h30 e 9h.
Horário de funcionamento: terça a domingo entre 9h e 17h.
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura.

Chapada com crianças
Excelente rota de fuga nas atuais circunstâncias
Em meio a delações bombásticas, escrevo a coluna desta semana. Confesso que não digiro bem essas notícias, mas vamos ao que me propus a fazer antes do caos.
Há duas semanas estive em São Jorge e Alto Paraíso (GO), onde fui diversas vezes, mas desta vez com um olhar diferente. Acompanhada de marido e filho pequeno, fiz um roteiro de trilhas fáceis e cachoeiras deliciosas.
Voltei desse passeio incrível determinada a fazer um roteiro para casais com filhos pequenos que adoram a natureza. E aqui estou eu pensando que, além de passear, morar lá não seria má ideia.
Primeira parada da viagem: Cachoeira dos Cristais, a 8 km da entrada de Alto Paraíso. Uma caminhada tranquila para os adultos e “radical” para crianças. Até chegar à queda principal, pouco mais de 1 km depois do início da trilha, há pelo menos três paradas boas para banho. Para quem pensa em acampar com os filhotes, também tem espaço de camping com banheiros e cozinha. Tudo bem simples, mas muito bacana. A entrada custa R$ 20.
Segunda parada: logo depois de São Jorge, na mesma entrada da famosa cachoeira do Raizama, virando à esquerda e seguindo em frente, está a Cachoeira do Lageado. O acesso é ainda mais fácil. Trilha bem pequena, dentro de uma fazenda, com direito a tobogan de pedra e borboletas azuis. A entrada custa R$ 15.
Na saída, parada estratégica no Valle das Pedras para almoçar num restaurante simples e gostoso, que também tem trilha fácil para chegar à cachoeira, se restar forças.
Terceira parada, um pouco mais longe, a mais ou menos 52 km de Alto Paraíso, chegando a Cavalcante, está o Poço Encantado. Às margens da rodovia, por R$ 20, você pode curtir uma praia de cachoeira deliciosa, restaurante ao lado, com direito a prancha de sup. Vale muito conhecer.
Dica preciosa da minha amiga Cris: peça a comida e marque o horário do seu almoço antes de descer para a cachoeira. Sua sugestão de prato é a tradicional galinha caipira com pirão.
Gostou das dicas? Que tal considerar uma fuga estratégica para a Chapada, onde a natureza é deslumbrante e o sinal de celular pega mal?
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura

A beleza da Água Mineral
Natureza deslumbrante no meio da cidade
Dentro de Brasília, pertinho do Noroeste e do finalzinho da Asa Norte tem o Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral. Quem mora aqui com certeza já ouviu falar dele e quem nasceu na capital ou mora aqui a vida toda deve ter doces memórias de infância e fotos amareladas do local.
A história do parque se confunde com a história da construção da capital federal. As autoridades da época resolveram institui-lo para contribuir com o equilíbrio das condições climáticas e evitar a erosão do solo.
O parque protege ecossistemas típicos do Cerrado e abriga as bacias dos córregos formadores da represa Santa Maria, que é responsável pelo fornecimento de 25% da água potável que abastece a capital. A fauna no local é abundante e diversificada.
O parque que bomba aos fins de semana não é o mesmo parque no meio de semana. Tive o privilégio de visita-lo recentemente numa manhã ensolarada de quinta-feira e fiquei maravilhada com a beleza e a limpeza do local.
Para acessar, cada visitante paga R$ 13, pessoas com mais de 60 anos e crianças até 12 anos não pagam. Ao entrar, recebemos o alerta de cuidado com os pertences porque os macacos virão atrás de comida e podem ser agressivos.
E não é que eles vêm mesmo atrás disso. A cena entretém os urbanoides que se espantam com os folgados macacos que adoram biscoitos e sucos de caixa.
Para que o visitante possa usufruir ainda mais das belezas do local a entrada do parque é limitada a até no máximo 3 mil pessoas por dia.
Se você tiver uma manhã livre na cidade e não souber para onde ir, visite a Água Mineral, faça uma trilha pelo parque e dê um mergulho gelado e revigorante em suas piscinas naturais. Você não vai se arrepender.
Foto: Michelle Maia
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura

Três por um
Você já foi ao Cine Drive-In? Se nunca foi ou se foi há muito tempo tem agora um bom motivo – ou melhor, três bons motivos – para ir.
De 27 de abril a 3 de maio, o espaço exibirá, sucessivamente, três filmes que estão em cartaz nos cinemas da cidade pelo preço de um único ingresso.
O super divertido filme de animação da Dreamworks, O Poderoso Chefinho, será exibido às 18h20. Em seguida serão exibidos A Cabana, às 20h, e Velozes e Furiosos 8, às 22h15.
Já que estou falando do Drive-In, aproveito para indicar o romance premiado “O último Cine Drive-In” do meu colega de faculdade, Iberê Carvalho, que fez enorme sucesso em 2015. O filme, gravado no local, trouxe de volta o público ao cinema que tem uma tela de concreto de 312 metros quadrados e capacidade de receber até 500 veículos em seu estacionamento.
Serviço:
O valor do ingresso será um só. Entre segunda e quinta-feira, custa R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia). De sexta-feira a domingo, R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia). Os descontos são oferecidos a estudantes com carteirinha, idosos e crianças até 10 anos.
O Cine Drive-In fica ao lado do Autódromo de Brasília na Asa Norte.
Foto: Divulgação
Michelle Maia é jornalista e editora da Se7e Cultura

Gabriel Grossi: um gaitista brasiliense “Em Movimento” pelo mundo
O gaitista Gabriel Grossi nasceu e escreveu em Brasília as primeiras linhas de sua história na música, registradas em diversas ocasiões nas páginas da Se7e. Por gratidão e pela inspiração que a Capital sempre lhe proporcionou, o brasiliense escolheu a cidade para gravar seu primeiro DVD, “Em Movimento”, nos dias 12 e 13 de abril, no também histórico Teatro Plínio Marcos – Funarte.
Gabriel conquistou o reconhecimento ainda bastante jovem, sendo elogiado por ninguém menos que Maurício Einhorn, considerado o melhor gaitista brasileiro e um dos melhores do mundo, que viria a ser seu professor e a quem homenageou no disco “Viva Mauricio Einhorn”, ao lado do também brasiliense Pablo Fagundes e de outros 26 gaitistas brasileiros. Homenageou ainda o “rei da gaita”: o belga Toots Thielemans, lhe entregando pessoalmente o disco antes de seu falecimento, em agosto passado.
O mestre e amigo Mauricio Einhorn fez questão de estar presente no primeiro dia do registro em DVD. Mas não apenas ele: outra lenda da música brasileira, o mago dos sons Hermeto Paschoal transformou a plateia em mais um instrumento, bem ao seu estilo. Com lotação esgotada, o segundo dia foi recheado de emoções, encerrado com uma verdadeira celebração do talento de Gabriel e do grupo reunido por ele para a ocasião, com Eduardo Farias (piano), Andre Vasconcellos (baixo), Rafael Barata (bateria) e Sergio Coelho (trombone) – o Gabriel Grossi Quinteto.
O DVD “Em Movimento” passa a fazer parte de uma extensa e elogiada discografia, que já soma nove discos lançados, além de shows e gravações com artistas do quilate de Chico Buarque, Lenine, Djavan, Milton Nascimento, João Donato, Dominguinhos, Ivan Lins, Zelia Duncan, Beth Carvalho, o próprio Hermeto Paschoal e Hamilton de Holanda (com quem integra desde 2005 o quinteto três vezes consecutivas finalista do Grammy Latino), além de turnês pela Europa e pelos Estados Unidos. E sua participação na música brasileira será longa, com o reconhecimento devido e certamente muitas outras obras-primas – que estarão sempre registradas nas páginas da Se7e.
Foto: Marco Tulio Chaves
Marco Tulio Chaves é jornalista e colaborador da Se7e Cultura